“O Ser real é constituído de corpo, mente e espírito. Dessa forma, uma abordagem psicológica para ser verdadeiramente eficaz deve ter uma visão holística do ser, tratando de seu corpo (físico e periespirítico), de sua mente (consciente, inconsciente e subconsciente) e de seu espírito imortal que traz consigo uma bagagem de experiências anteriores à presente existência e está caminhando para a perfeição Divina.” Joanna de Ângelis

Compulsão Alimentar


A alimentação está associada, no psiquismo humano, a todo um conjunto de fatores emocionais que vão além da simples manutenção da vida orgânica. Ao sermos alimentados, nos primeiros anos de nossa existência física, somos também acalentados, em uma permuta de afeto do bebê com aqueles que se caracterizam como seus cuidadores.

Considerando, por sua vez, a compulsão como um ato direcionado por um impulso, que procura descarregar uma ansiedade inconsciente, podemos entender a compulsão alimentar como uma tentativa de solucionar um conflito interno.

Diante de algo que nos incomoda – seja a necessidade de afeto, seja a não aceitação do corpo ou de alguma circunstância vivida ou a não aceitação das próprias dificuldades emocionais por exemplo – através da compulsão alimentar fugimos, procurando algo que nos proporcione prazer momentâneo e postergando o encontro conosco mesmos.

Claro que a partir de uma perspectiva de psicologia espírita, não podemos esquecer o intercâmbio constante com o mundo espiritual, de modo que, afinizados conosco, desencarnados ainda muito ligados ao plano material, desejosos das sensações físicas, estimulam tais comportamentos dos quais pensam se beneficiar, assimilando as sensações dos encarnados.

André Luiz (nos livros “Nosso Lar” e “Missionários da Luz”, psicografados por Chico Xavier) exemplificou bem este fato ao mostrar que muitos desencarnados se compraziam “absorvendo gostosamente as emanações dos pratos fumegantes” de modo que sem a vigilância necessária deixamos à mesa “margem vastíssima à leviandade e à perturbação”. O nobre mentor, contando sobre os primeiros anos que se seguiram à sua desencarnação, diz que fora chamado de suicida no plano espiritual. Amargurado e sem entender, somente depois de certo tempo pode compreender que havia “desperdiçado patrimônios preciosos da experiência física” porque “todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância”.

Por isso urge nos vigiarmos com relação a todos os excessos a que nos permitimos.

Além das terapias convencionais e espirituais, a autoanálise é sempre de grande auxílio:

1º - procurando identificar os momentos de ansiedade que levam a buscar alimento em dose excessiva ou fora dos horários de alimentação.

2º - tendo identificado, procurando dar-se conta (tornar-se consciente) no próprio momento em que isto ocorre.

3º - tendo percebido no momento, procurando evitar o ato.

E é importante termos muita paciência conosco mesmos, pois toda mudança psíquica se dá gradativamente. Se conseguirmos identificar o conflito de que fugimos, tendo-o por etapa do nosso processo evolutivo (e não como “algo horrível, doentio e proibido”) nos colocamos na posição responsável daquele que luta para superar as próprias dificuldades.

19 comentários:

  1. Àquele que solicitou este tema, peço perdão pela demora. Sinta-se à vontade para comentar ou questionar caso tenhas qualquer dúvida ou acréscimo.

    Votos de Paz!

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  2. Sra S
    Muito bom, este texto.
    Percebe-se como somos ainda inconscientes, não só neste campo, mas em geral.

    Um abraço,
    Jorge

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  3. Sra S
    Seria a prece uma ferramenta apropriada no momento que nos percebemos prestes a agir compulsivamente?
    Muito grata,
    wilma

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  4. Agradecemos a participação!

    De fato, ainda permanecemos bastante ligados à esfera material e às sensações que, por sua vez, chegarão ao propósito de nos conduzir a maior soma de experiência e crescimento.

    Quanto à prece é sem dúvida de grande valia, pois trata-se de poderoso intercâmbio com nossos irmãos mais elevados e nos coloca em sintonia com Deus.

    Através dela podemos haurir forças para irmos superando nossas dificuldades – especialmente se junto à prece colocamos nosso esforço diário.

    Um abraço fraterno.

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  5. obrigada por esse texto que a ha muito busquei em muitos livros espiritas e não conseguia entender.
    Mas gostaria de saber também se a obesidade não tem ligação com nosso passado de possiveis vaidades excessivas? Abraços
    Lucia

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  6. Em meu entendimento pode ter sim. Entretanto, muitas vezes é também uma medida de proteção, que o espírito reencarnante solicita para auxiliá-lo a não se desviar do caminho a que se propõe seguir quando na Terra.

    Temos exemplos interessantes de espíritos evoluídos que renascem na Terra com distúrbio da tireóide, por exemplo, vindo a ficar um pouco acima do peso, para se protegerem de investidas externas que poderiam lhe acionar a vaidade indesejada (em "Missionários da Luz" de André Luiz temos alguns exemplos interessantes).

    Muita paz!

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  7. Obrigada pelo texto, há anos luto contra a compulsão alimentar e muitas vezes quero desistir de lutar. Mas não vou desperdiçar esta existência e vou continuar, com fé em Deus e nos anjos que ele coloca a nos ajudar. Abraço,

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  8. Teria alguma oração indicada para a hora da compulsão? ou até para evitá-la?

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  9. Qualquer prece, a mais simples ou a mais rebuscada, é válida se capaz de nos aliviar e nos colocar em sintonia com as forças Maiores.

    Somente o fato de evitar o ato impulsivo já é uma construção importante ao psiquismo. Se conseguires postergar cada vez um pouco mais o desejo de comer, suportando a pouco e pouco as ansiedades geradas por ele, estarás trabalhando em seu processo de mudança interna.

    Muita paz!

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  10. Olá Boa noite!
    Gostaria de um esclarecimento, claro se puder.
    Ando comendo compulsivamente como sem fome apenas para saciar minhas tristezas, angustia como posso fazer para mudar isso estou ganhando peso rapidamente, e a cada dia essa vontade inesplicavel aumenta com o passar dos dias.
    Agradeço muito se puder me esclarecer com alguns conselhos.

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  11. Como percebes, o real problema consiste na tristeza/angústia da qual tentas em vão se libertar. A compulsão, de fato, não é capaz de lhe auxiliar neste sentido.

    Que tal utilizar as ferramentas apropriadas?

    Uma boa psicoterapia acrescida de apoio espiritual podem nos ajudar a encontrar um novo sentido à vida.

    Um abraço fraterno.

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  12. Acrescento outras duas coisinhas bem simples:

    - trocar o alimento por outra coisa, momentaneamente (água, por exemplo);

    - participar de atividades que envolvam a prática da caridade.

    Em breve postarei, com mais tempo, as justificativas teórico-científicas para tais sugestões.

    Muita paz!

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  13. Adorei a abordagem do tema sobre a visão espírita. Há muito tempo estava procurando um artigo que trata dessse assunto. Tenho compulsão alimentar e quase fui parar em um hospital psiquiátrico usando anfetaminas. Hoje em dia tento controlar o vício por comida, mas está difícil. Obrigada pelas dicas.!

    Abraços,

    Fernanda

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  16. Em um momento de angústia que passei ontem, vim procurar algo sobre compulsão alimentar. Me vejo cada dia mais entrando em um caminho sem volta, em que devoro alimentos para saciar problemas maiores e depois me sinto absurdamente culpada por isso.
    Faço terapia, mas não sinto que isso está me ajudando praticamente a controlar os impulsos. Trabalho espiritualmente, mas continuo sentindo o vazio em mim.
    Tenho nojo do meu próprio corpo, dos meus atos e de mim, apesar de querer muito mudar, quando entro em um regime alimentar logo desisto e como como se não houvesse amanhã.
    Além as orações que faço a noite, tento policiar meus pensamentos durante o dia.
    O que mais posso fazer meu amigos? Não tenho forças suficientes para mudar sozinha.

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  18. Prezada, sugerimos que procures também um psiquiatra para avaliar sua situação. A psicoterapia é importantíssima. Os resultados são a longo prazo, mas devem ser evidentes. Se não sentires a melhora, troque de terapeuta / linha terapêutica. Paz e luz!

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  19. Muito bom esse tema pois a maioria considera esse tema sob o aspecto tão somente dá obesidade pois existem milhares de situações que levam ao excesso inconsciente, mas o primeiro passo é importante, pois há quem o considere levianamente, do ponto doutrinário tanto quanto científico, apontar o problema não resolve essa coisa dá compulsao necessita muita compreensão é oportuno dizer que há problemas milenares, pois o homem em sua natureza buscava alimentar-se excessivamente mas os mecanismos de solução é muito profundo parece prolixo o que falo mas estou dando meu testemunho de experiência que ainda tento vencer. Há casos que o psicoterapeuta resolve mas, é a prece o principal ato após reconhecer, abraço

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