Texto de Joanna de Ângelis, do livro "O Ser Consciente", psicografado por Divaldo Franco.
Os mecanismos de evasão do ego mascaram a realidade do self, normalmente receoso de emergir e
predominar, o que é a sua fatalidade.
Fatores ponderáveis, porém, respondem pelos estados
fóbicos do ser, desde os distúrbios gerados pelo quimismo cerebral,
responsáveis por desarmonias variadas, até os fenômenos de natureza
psicológica, decorrentes dos conflitos vivenciados pela mãe gestante,
reacionária à concepção, tensa ante a responsabilidade, amargurada pelas
incertezas e os insucessos de parto, predominando os choques pós-natais quando
o ser é retirado do aconchego intrauterino, onde se sente seguro, e colocado
num meio hostil no qual tudo parece
ameaçar-lhe a frágil existência.
Podem-se assinalar ainda outros fatores, quais os de
natureza psicogênica, como de caráter preponderante na formação patológica dos
comportamentos fóbicos.
A educação no lar, a mãe
dominadora e o pai negligente ou
reciprocamente, não raro esmagam a personalidade do educando durante o trânsito
infantil.
São inumeráveis os fatores preponderantes como
predisponentes nas psicopatologias do medo, responsáveis por estados
lamentáveis na criatura humana.
Insinua-se o medo de forma sutil, aparentemente lógica, tomando conta das paisagens da psique,
como insegurança tormentosa povoada de pesadelos hórridos, que levam a
alucinações e impulsos incontroláveis de fuga até mediante o concurso da morte.
Com o tempo, alternam-se as condutas no paciente: apatia
mórbida ou pavor contínuo, ambas de gravidade indiscutível.
Na psicogênese, porém, dos estados fóbicos em geral, não
se pode descartar a anterioridade existencial do ser, em espírito, peregrino
que é de inumeráveis reencarnações, cuja história traz escrita nas tecelagens
intrincadas da própria estrutura espiritual.
Comportamentos
irregulares, atividades lesadoras, ações perversas ocultas que não foram
desveladas, inscrevem-se na consciência profunda como necessidade de reparação,
que ressurgem desde a nova concepção, quando ocorrem os fatores que os
despertam, permitindo-lhes a imersão do inconsciente, e passam a trabalhar o
ser real, levando-o da insegurança inicial ao medo perturbador.
A reencarnação é método para o espírito aprender, agir,
educar-se, recuperando-se quando erra, reparando quando se compromete
negativamente.
Inevitável a sua ocorrência, ela funciona por automatismo
da Vida, impondo as cargas de uma experiência na seguinte, em mecanismo natural
de evolução.
Inscritos os códigos de justiça na consciência
individual, representando a Consciência Cósmica, ninguém se lhe exime aos
imperativos, por ser fenômeno automático e imediato.
A cada ação resulta uma reação semelhante, portadora da
mesma intensidade vibratória. Quando recalcado o efeito, ele assoma,
predominante, propiciando os estados de libertação ou sofrimento, conforme seja
constituído o seu campo de energia.
O autodescobrimento é a terapia salutar para que sejam
identificadas as causas geradoras e, ao mesmo tempo, a conscientização de quais
recursos se pode utilizar para a liberação.
Conhecendo o fator responsável pelo medo,
antepor-se-lhe-á a confiança nas causas positivas, que resultarão em futuros
equilíbrios de fácil aquisição.
Ao lado das terapias acadêmicas, conforme a etiopatogenia
do medo em cada criatura, a renovação pessoal pelo otimismo, a autoestima, o
hábito das ideações elevadas, da oração, da meditação, constituem eficientes
recursos curativos para o autoencontro, a paz interior.
O medo é inimigo mórbido, que deve ser enfrentado com
naturalidade através do exercício da razão e da lógica.
Entre as várias expressões de medo ressalta o da morte,
herança atávica dos arquétipos ancestrais, das religiões castradoras e
temerárias, dos cultos bárbaros, das conjunturas do desconhecido, das imagens
mitológicas que desenharam no tecido social as impressões do temor, das
punições eternas para as consciências culpadas, dos horrores inomináveis que o
ser humano não tem condições de digerir...
O pavor da morte, às vezes patológico, afigura-se tão
grave, que a criatura se mata a fim de não aguardar
a morte...
Compreensivelmente, desde o momento da concepção
manifesta-se o fenômeno da transformação celular ou morte biológica. Nesse
processo de transformações incessantes, chega o momento da parada final dos
equipamentos biológicos, e tal ocorrência é perfeitamente natural, não podendo
responder pelos medos e pavores que têm sido cultivados.
Não é a primeira vez que ocorre a morte do corpo, na
vilegiatura da evolução dos seres. O esquecimento do fenômeno, de maneira
alguma, pode ser considerado como desconhecido pelo espírito, que já o
vivenciou antes.
Um aprofundamento mental demonstra que a morte não dói,
não apavora, mas, o estado psicológico de cada um, em relação à mesma,
transfere as impressões íntimas para o exterior, dando curso às manifestações
aparvalhantes.
A Psicologia Transpessoal, lidando com o ser psíquico, o
ser espiritual, sabe-o em processo de evolução, entrando no corpo —
reencarnação — e dele saindo —desencarnação — da mesma forma que o corpo se
utiliza de roupas, que lhe são necessárias e dispensáveis conforme as ocasiões.
O simples hábito de dormir, quando se mergulha na
inconsciência relativa, é uma experiência de morte que deve servir de padrão
comparativo para o fim do processo biológico.
Conforme o eu profundo considere a morte, povoando-a de
incertezas, gênios do mal, regiões punitivas ou aniquilamento, dessa forma a
enfrentará. O oposto igualmente se dá. Vestindo a morte de esperança de
reencontros felizes, de aspirações enobrecidas, de agradável despertar,
ocorrerá o milagre da vida.
O medo da morte decorre da ignorância da realidade
espiritual e do apego ao transitório físico.
Freud afirmava que
o instinto da morte é superior ao de conservação da vida, o que é perfeitamente
natural, tendo-se em vista que o corpo é fenômeno, e este passa, permanecendo a
causa, que é a energia, a vida em si mesma.
A psicoterapia preventiva, como curadora para o medo da
morte, propõe uma conduta harmônica com os níveis superiores de consciência
desperta, lúcida, avançando para a transcendência do eu, até culminar na
identificação com a Cósmica.
Pensar e agir bem.
Amar e amar-se.
Servir, como forma de ser feliz.
Vincular-se à Fonte da Vida Perene, Causal e Terminal.
Meditar, beneficiando-se com o autodescobrimento e
tornando-se um agente de esperança e de paz, eis como viver sem morrer e morrer
para perpetuar a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário