Texto de Joanna de Ângelis (livro "O Homem Integral), psicografado por Divaldo Franco.
Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos enfermiços que o consomem.
Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos enfermiços que o consomem.
A ansiedade é
uma das características mais habituais da conduta contemporânea.
Impulsionando
ao competitivismo da sobrevivência e de uma sociedade eticamente egoísta,
predomina a insegurança no mundo emocional das criaturas.
As constantes
alterações da Bolsa de Valores, a compressão dos gastos, a correria pela
aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem remunerados, geram,
de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro, as ameaças de
guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos e chefes de
atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços sobre
enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos perpetrados contra a
ecologia, prenunciando tragédias iminentes; a catalogação de crimes e
violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo que grassam em
todos os meios sociais, como constante ameaça contra o ser e o seu grupo, levando-os
a permanentes ansiedades que deflui das incertezas da vida.
Passando, de
uma aparente segurança, que era concedida pelos padrões individualistas do
século XIX, no apogeu da industrialização, para o período eletrônico, a
robotização ameaça milhões de empregados, que temem a perda de suas atividades
remuneradas, ao tempo em que o coletivismo, igualando os homens nas aparências
sociais, nos costumes e nos hábitos, alija os estímulos de luta, neles
instalando a incerteza, a necessidade de encontrar-se sempre na expectativa de
notícias funestas, desagradáveis, perturbadoras.
Esvaziado de idealismo e comprimido no sistema em que todos
fazem a mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de uma para outra
pauta de compromisso com ansiedade crescente.
A preocupação de parecer triunfador, de responder de forma
semelhante aos demais, de ser bem recebido e considerado, é responsável pela
desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no grupamento
social, sem identidade, nem individualidade.
Tendo como modelo personalidades extravagantes, que ditam
modas e comportamentos exóticos, ou liderados por ídolos da violência, como da
astúcia dourada, o descobrimento dos limites pessoais gera inquietação e
conflitos que mal disfarçam a contínua ansiedade humana.
A ansiedade tem manifestações e limites naturais,
perfeitamente aceitáveis.
Quando se aguarda uma notícia, uma
presença, uma resposta, uma conclusão, é perfeitamente compreensível uma
atitude de equilibrada expectativa.
Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso
periférico, a sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o clima de ansiedade
torna-se um estado patológico a caminho da somatização física em graves danos,
para a vida.
O grande
desafio contemporâneo para o homem é o seu autodescobrimento.
Não apenas
identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade
emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do
cotidiano.
Mediante o
aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de valores e surgem
novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranquilidade e a
autoconfiança.
Não há, em realidade, segurança enquanto
se transita no corpo físico.
A organização
mais saudável durante um período debilita-se em outro, assim como os melhores
equipamentos orgânicos e psíquicos sofrem natural desgaste e consumpção, dando
lugar às enfermidades e à morte, que também é fenômeno da vida.
A ansiedade
trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.
A análise cuidadosa
da existência planetária e das suas finalidades proporciona a vivência salutar
da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido ao corpo nem o medo de perdê-lo.
Os ideais
espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física, tranquilizam o
homem, fazendo que considere a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida,
da qual ninguém se eximirá.
Apegado aos
conflitos da competição humana ou deixando-se vencer pela acomodação, o homem
desvia-se da finalidade essencial da existência terrena, que se resume na
aplicação do tempo para a aquisição dos recursos eternos, propiciadores da
beleza, da paz, da perfeição.
O pandemônio
gerado pelo excesso de tecnologia e de conforto material nas chamadas classes
superiores, com absoluta indiferença pela humanidade dos guetos e favelas, em
promiscuidade assustadora, revela a falência da cultura e da ética estribadas
no imediatismo materialista com o seu arrogante desprezo pelo espiritualismo.
Certamente, ao
fanatismo e proibição espiritualista de caráter medieval, que ocultava as
feridas morais dos homens, sob o disfarce da hipocrisia, o surgimento
avassalador da onda de cinismo materialista seria inevitável. No entanto, o
abuso da falsa cultura desnaturada, que pretendeu solucionar os problemas
humanos de profundidade como reparava os desajustes das engrenagens das
máquinas que construiu, resultou na correria alucinada para lugar nenhum e pela
conquista de coisas mortas, incapazes de minimizar a saudade, de preencher a
solidão, de acalmar a ansiedade, de evitar a dor, a doença e a morte...
Magnatas,
embora triunfantes, proíbem que se pronuncie o nome da morte diante deles.
Capitães de
monopólios recusam-se a sair à rua, para evitarem contágio de enfermidades, e
alguns impõem, para viver, ambientes assepsiados, tentando driblar o processo
de degeneração celular.
Ases da beleza
cercam-se de jovens, receando, a velhice, e utilizam-se de estimulantes para
preservarem o corpo, aplicando-se massagens, exercícios, cirurgias plásticas,
musculação, e, não obstante, acompanham a degeneração física e mental,
ansiosos, desventurados.
Propalando-se
que as conquistas morais fazem parte das instituições vencidas - matrimônio,
família, lar - os apaniguados da loucura creem que aplicam, na velha doença das
proibições passadas, uma terapêutica ideal. E olvidam-se que o exagero de
medicamente utilizado em uma doença, gera danos maiores do que aqueles que eram
sofridos.
A sociedade
atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade antiga do homem, que
ora se revela mais debilitado do que antes.
São válidas
para este momento de ansiedade, de insatisfação, de tormento, as lições do
Cristo sobre o amor ao próximo, a solidariedade fraternal, a compaixão, ao lado
da oração, regeneradora de energias otimistas é da fé propiciadora de equilíbrio
e paz para uma vida realmente feliz, que baste ao homem conforme se apresente,
sem as disputas conflitantes do passado, nem a acomodação coletivista do
presente.
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