“O Ser real é constituído de corpo, mente e espírito. Dessa forma, uma abordagem psicológica para ser verdadeiramente eficaz deve ter uma visão holística do ser, tratando de seu corpo (físico e periespirítico), de sua mente (consciente, inconsciente e subconsciente) e de seu espírito imortal que traz consigo uma bagagem de experiências anteriores à presente existência e está caminhando para a perfeição Divina.” Joanna de Ângelis

Culpa e Consciência

Texto de Joanna de Ângelis, do livro "Momentos de Cons- ciência", psico- grafado por Divaldo Franco.

A culpa surge como forma de catarse necessária para a libertação de conflitos.

Encontra-se esculpida nos alicerces do espírito e manifesta-se em expressão consciente ou através de complexos mecanismos de autopunição inconsciente.

Suas raízes podem estar fixadas no pretérito — erros e crimes ocultos que não foram justiçados — ou em passado próximo, nas ações da extravagância ou da delinquência.

Geradora de graves distúrbios, a culpa deve ser liberada, a fim de que os seus danos desapareçam.

Arrepender-se de comportamentos equivocados, de práticas mesquinhas, egoísticas e arbitrárias é perfeitamente normal. A sustentação, porém, do arrependimento, além de ser inoperante, apenas proporciona prejuízos que respondem por numerosos conflitos da personalidade.

O arrependimento tem como finalidade dar a perceber a dimensão do delito, do gravame, de modo que o indivíduo se conscientize do que praticou, formulando propósitos de não-reincidência. A permanência na sua análise, a discussão íntima em torno do que deveria, ou não, ter feito naquela ocasião, transforma-se em cravo perturbador fincado no painel da consciência.

Há pessoas que se atormentam com a culpa do que não fizeram, lamentando não haverem fruído tudo quanto o momento passado lhes proporcionou. Outras, amarguram-se pela utilização indevida ou pelo uso inadequado da oportunidade, todas, no entanto, prosseguindo em ação negativa.
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Seja o que for que fizeste, ou deixaste de fazer, a recordação, em culpa, daquele instante, de maneira alguma te ajudará.

Não poderás apagar o erro lamentando-o, por mais te demores nesta atitude, tampouco experimentarás recompensas reter-te na lembrança do que poderias ter feito e deixaste de realizar. A aparente compensação que experimentes, enquanto assim permaneças, é neurótica, pois que voltarás às mesmas reminiscências que se transformarão em cáustico mental no futuro.

Tudo quanto invistas para anular o passado, removê-lo ou deixá-lo à margem, será inútil.

O que está feito ou aquilo que ficou para realizar, constituem experiências para futuras condutas.

Águas passadas não movem moinhos — afirma o brocardo popular, com sabedoria.

As lembranças negativas entorpecem o entusiasmo para as ações edificantes, únicas portadoras de esperança para a liberação da culpa.

Há pequenas culpas que resultam da educação deficiente, neurótica, do lar, igualmente perturbadoras, mas de pequena monta.
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A existência terrena é toda uma oportunidade para enriquecimento contínuo.

Cada instante é ensejo de nova ação propiciadora de crescimento, de conhecimento, de conquista. Saber utilizá-lo é desafio para a criatura que anela por novas realizações.

Desse modo, quem se detém nas sombrias paisagens da culpa ainda não descobriu a consciência da própria responsabilidade perante a vida, negando-se a bênção da libertação.

De alguma forma, quem cultiva culpa, não deseja libertar-se, em tal postura comprazendo-se irresponsavelmente.

Sai da forma do arrependimento e age de maneira correta, edificante.

Reabilita-te do erro, através de ações novas que representem o teu atual estado de alma.

Detém a onda dos efeitos perniciosos com a diluição deles nas novas fronteiras do bem.

A soma das tuas ações positivas quitará o débito moral que contraíste perante a Divina Consciência, porquanto o importante não é a quem se faz o bem ou o mal, e sim, a ação em si mesma em relação à harmonia universal.

Allan Kardec, interessado na que estão, interrogou os Embaixadores Espirituais e recebeu deles a segura resposta, conforme o número 835 de O Livro dos Espíritos:

— Será a liberdade de consciência uma consequência da de pensar?

— A consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos.

Como consequência, a culpa deve ser superada mediante ações positivas, reabilitadoras, que resultarão dos pensamentos íntimos, enobrecedores.

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