Os relacionamentos de qualquer natureza dependem sempre do nível de
consciência daqueles que estão envolvidos. Havendo maturidade psicológica e
compreensão de respeito pelo outro, facilmente se aprofundam os sentimentos,
mantendo-se admirável comunhão de interesses e afinidades, que mais se
intensificam, à medida que as circunstâncias permitem o entrosamento da
convivência.
Quando se trata de um relacionamento que envolve a comunhão sexual e os
interesses se mesclam com os desejos de posse e de prazer hedonista, a
convivência tende a desmistificar o encantamento inicial, dando lugar a futuros
desinteresses, ressentimentos e, não raro, ódios e desejos de vingança, o que é
sempre muito lamentável.
Sob o influxo da libido, a busca do relacionamento com parceiros, conjugais
ou não, é normalmente feita sob paixão e irreflexão. A conquista do outro se
torna fator essencial para a harmonia momentânea do indivíduo. Todos os
sentimentos são acionados e a criatividade se desenvolve, de modo a propiciar
apenas a meta anelada.
Conseguido o objetivo, diminui lentamente o prazer da convivência, que cede
lugar ao tédio, à falta de diálogo, à morte da comunicação, intercâmbio esse
que é fator essencial para um relacionamento agradável, mesmo quando não
plenificador.
Centralizando os objetivos da
existência no sexo, muitas pessoas acreditam que somente ao encontrarem alguém
capaz de as completarem, é que terão conseguido o momento culminante da jornada
humana. Esquecem-se, no entanto que, passadas as novidades, tudo se transforma
em rotina, especialmente quando os interesses egóicos recebem primazia e se
fazem responsáveis pelas motivações do eventual encontro.
Porque são destituídos de maturidade e respeito humano profundo, essas
relações são sempre efêmeras e deixam sinais de amargura, quando não se
facultam terminar com rancores danosos para a emoção de algum dos envolvidos,
ou não produzem maior dilaceração na alma de ambos.
Qualquer tipo de relacionamento deve ter como estimuladores a amizade, o
desejo honesto de satisfações recíprocas, sem que haja predominância de uma
vontade sobre a individualidade de outrem.
Pela necessidade de conviver, a amizade desempenha um papel fundamental em
qualquer tipo de conduta, abrindo espaço para uma gentil identificação de
propósitos e de permuta de valores, que constituem elementos de intercâmbio
sempre feliz, facultando o crescimento dos interesses humanos e das realizações
que proporcionam bem-estar.
Indubitavelmente, esse sentimento pode originar-se no
inicial interesse da libido que desperta para a busca de outro ser, na
necessidade de companheirismo, na ânsia normal de amar e de ser amado, no
prazer do intercâmbio pela palavra, pelos ideais, pelas metas existenciais...
No entanto, a compreensão dos direitos do outro deve prevalecer como normativa
de bom relacionamento, a fim de que não advenham as imposições infantis do
egocentrismo, das chantagens emocionais, dos pieguismos desagradáveis. Todo
relacionamento deve enriquecer aqueles que se encontram envolvidos, porquanto
produzem identificação de metas e meios para serem conseguidos.
É natural que o céu de qualquer relacionamento nem sempre
seja tranquilo, particularmente quando são parceiros que comungam mais
profundamente as expressões do amor, trabalhando em favor da família, mantendo
a estrutura do lar, o equilíbrio dos filhos e de outros familiares. Não
obstante, as nuvens das incompreensões logo são aclaradas pelo sol da razão que
chega através dos diálogos saudáveis, facultando o entendimento daquilo que
permaneceu obscuro.
A fidelidade no relacionamento com parceiro conjugal ou não, quando há
compromisso sexual, é preponderante, porque demonstra a autenticidade do
sentimento que a ambos envolve. Quando se apresentam falsas necessidades de
novas experiências, defrontam-se transtornos emocionais, insegurança psicológica,
debilidade de caráter ou futilidade ante a vida... A promiscuidade de qualquer
natureza é sempre síndrome de desequilíbrio emocional e de primarismo moral.
A vida é feita de conquistas, e a monogamia representa um
momento culminante da evolução sócio-moral, quando os homens e mulheres
compreenderam a necessidade do respeito mútuo, sem privilégios para um ou para
outro sexo em predomínio aviltante sobre o parceiro.
O indivíduo, quando opta por um relacionamento com
outrem, desejando maior intimidade - e a comunhão sexual representa o instante
máximo de entendimento entre duas pessoas, sem o que as frustrações se fazem de
imediato - deve pautar a sua conduta em linhas de equilíbrio e dignidade, de
modo a proporcionar àquele a quem busca a segurança psicológica para uma
convivência confiante, relaxada, tranquila, sem o que sempre haverá
desconfiança e ansiedade trabalhando perturbadoramente no convívio.
Faltando esses valores, que são imprescindíveis para que se estabeleçam e
permaneçam os momentos de prazer e de paz, há somente predominância de paixões
asselvajadas, no primarismo dos instintos de posse e de gozo, que produzem
incêndios de sensações sem compensação emocional profunda e tranquilizante.
Mesmo quando os parceiros se comprazem e se sentem harmonizados, o medo de
amar em profundidade manifesta-se de maneira falsa, disfarçado sob a
justificação de que o matrimônio é escravidão, encarceramento, perda de
liberdade...
O raciocínio infantil peca por falta de estrutura de lógica, porquanto,
toda vez que se ama a outrem e se mantém um sentimento honesto, a liberdade,
que antes era total, agora se expressa através da compreensão de que aquele que
o acompanha faz parte do programa da sua existência, queira-o ou não, exceção
feita, quando esse convívio é aventureiro, sem profundidade, destituído de
moralidade e de saúde emocional.
Os indivíduos neuróticos, psicóticos, porque
desconhecedores do Si profundo que são, transferem as suas inseguranças e
desequilíbrios para quem lhes comparte a existência, não desejando
vincular-se-lhe, o que lhes impõe responsabilidade, antes desejando dominar e
ser livres quão irresponsáveis, transferindo as suas cargas de desajustes para
os ombros de quem os ama ou por eles se interessa.
Essa conduta diz respeito também àqueles que acreditam
que não merecem a felicidade, que se encontram no mundo para sofrer e que
perderam o paraíso, atirados a este mundo de pesadelos e de amarguras...
Tal conduta masoquista e mórbida necessita de terapia conveniente e
cuidadosa antes de ser encetada a busca de relacionamentos exitosos, porque
qualquer tentativa nesse sentido já se assinala como fracassada, em razão da
ausência de compreensão do direito que todos têm de ser felizes, mesmo na
Terra, já que a felicidade total não sendo do mundo, conforme acentuou Jesus,
tem as suas raízes nas experiências de evolução no mundo, que é a abençoada
escola das almas.
As castrações psicológicas, heranças
dos sentimentos de culpa e de pecado, que provêm do passado, têm perturbado
mais a Humanidade do que as guerras cruéis, que têm por meta o extermínio de
povos e de raças, porquanto, na raiz desses conflitos, aqueles que os
desencadeiam são psicopatas, vitimados por insânia visível ou virulentamente
mantida nos arcabouços do inconsciente que os comanda nas atitudes e decisões
infelizes.
Todo fomentador de luta insana é desvairado em si mesmo,
embora a máscara com que disfarça a hediondez, e não conseguindo fugir da culpa
que o persegue, procura atirá-la naqueles a quem combate em mecanismo doentio
de transferência.
A afetividade é passo avançado no processo dos
relacionamentos, principalmente quando se trata daquele que mantém comunhão
sexual.
Todo relacionamento conjugal ou compromisso emocional com
parceiro afetivo é um investimento emocional, correndo o risco de não se coroar
da satisfação que se espera auferir. Isto porém ocorre em todos os fenômenos da
vida humana e social. Quando os resultados não são opimos, fica a valiosa lição
da aprendizagem para futuros e melhores tentames de felicidade.
O risco em qualquer empreendimento sempre constitui um
desafio para o crescimento interior, sem o qual nenhuma tentativa é realizada
para o desenvolvimento intelecto-moral do ser.
Qualquer experiência encetada nunca está assinalada
antecipadamente pela exatidão dos resultados positivos e exitosos.
Um relacionamento conjugal, mesmo sem o vínculo
matrimonial, porém responsável, une duas pessoas em uma, sem retirar os valores
individuais de cada qual. A identificação faz-se lenta e seguramente à medida
que se vão conhecendo os interesses e comportamentos que possuem,
trabalhando-se para a harmonização de conduta, mesmo quando não se apresentem
equivalentes. Manter-se a própria individualidade, sem ruptura da personalidade
do outro, é atitude de segurança no convívio de duas pessoas que se amam.
Em um relacionamento feliz, a pessoa nunca se encontra autodefensiva, mas
autorreceptiva, sabendo que todos os fenômenos daí decorrentes são
aprendizagens para futuros comportamentos. Tratando-se de duas pessoas que se
aproximam, é totalmente improvável que sejam iguais, no sentido de serem
destituídas de personalidade, e que tenham sua forma de ser e de encarar a
vida, não sendo obrigadas a mudar de conduta, somente porque se vinculem a
outrem. Ocorre que a presença do amor faz que as diferenças de opinião e de
comportamento diminuam as distâncias, preencham os abismos de separação,
colocando pontes de afinidades e de interesses.
Desde que não haja a paixão de um impor a sua forma de pensar e de agir
sobre o outro, nenhuma diferença constitui impedimento, quando são respeitados
os direitos de continuar a viver conforme melhor aprouver, sem agredir a quem
comparte a convivência.
Quando, porém, os indivíduos se escondem de si mesmos e buscam os
relacionamentos com o pensamento de se manterem silenciosos e ocultos, sem que
pensem em repartir os espaços interiores da afetividade plena, a dissolução do
vínculo afetivo logo se faz, mesmo porque não chegou a ser realizado.
Assim, para que o relacionamento dessa natureza seja saudável, dependerá de
ambas as partes, crescendo sempre na busca do melhor entendimento, mantendo
suas próprias raízes, sem as alterar somente porque deseja agradar o outro, o
que constitui uma ilusão, já que ninguém pode viver ao lado de outrem que
somente quer ser agradado sem o interesse de brindar o equivalente ao que
recebe.
A presença da supermãe, protetora e vigilante está
projetada na esposa ou na companheira, que nunca deve aceitar essa
transferência da personalidade infantil e não desenvolvida do seu parceiro.
Num relacionamento feliz não há manipulação nem mistificação, mas
autenticidade sem agressividade e verdade sem rudeza...
Avançando na direção da meta de repartir alegrias e compartir júbilos, os
relacionamentos, conjugais ou não, serão sempre saudáveis.
Nossa adorei !!!! Me fez pensar mto no meu relacionamento.
ResponderExcluirMuito interessante realmente!!!
ResponderExcluirMuito interessante realmente!!!
ResponderExcluirAdoro esse texto é tanto esclarecimento...
ResponderExcluirMuito bom! Me auxilou bastante. Obrigada! Joana
ResponderExcluirMe fez pensar e esclareceu porque devemos enxergar e superar relacionamentos que tem origem no desequilíbrio moral e desvios de caráter, sem o mínimo de respeito a si mesmo. O verdadeiro amor, a compreensão e o respeito liberam. Obrigada querida Joanna.
ResponderExcluirMe fez pensar e esclareceu porque devemos enxergar e superar relacionamentos que tem origem no desequilíbrio moral e desvios de caráter, sem o mínimo de respeito a si mesmo. O verdadeiro amor, a compreensão e o respeito libertam. Obrigada querida Joanna.
ResponderExcluirÓtimo. Consigo enxergar meu relacionamento com mais clareza. Obrigada Joana!
ResponderExcluirTexto esclarecedor e verdadeiro. É a relação ideal que todos nós buscamos, mas poucos conseguem praticar. Rose
ResponderExcluirTexto esclarecedor e verdadeiro. Todos nós buscamos um relacionamento assim, mas poucos conseguem.
ResponderExcluirParabens pelo artigo, muito profundo e verdadeiro.
ResponderExcluirTenho uma.sugestao tbm, o formato para celulares pode melhorar bastante, vai ajudar bastante no seu blog..sucesso
ResponderExcluirÈ a coisa mais linda e verdadeira que li sobre relacionamentos, embasado na doutrina ..
ResponderExcluirExcelente. Recentemente comecei a ler sobre a doutrina espírita. O texto me deixou encantada.
ResponderExcluirBela mensagem esclarecedora! Paz!
ResponderExcluirObrigada Michelle por compartilhar conosco este belo texto da Joanna de Ângelis
ResponderExcluirMe ajudou mto
ResponderExcluirEsse texto tem que ser lido na escolinha para o casamento, ou em aulas de como devem ser os relacionamentos. Muita briga evitaria...
ResponderExcluir